O setor de energético está sempre em constante mudança. Algumas dessas mudanças já foram comentadas, porém é importante trazer sempre novos olhares, principalmente quando falamos de um mercado que apresenta grandes expectativas. Ao enfrentar com imponência um ano conturbado, igual o ano de 2020, a energia solar fotovoltaica chega com força para encarar mais um ano.
Apesar dessa força, alguns pontos negativos apareceram nessas mudanças. Para o setor da energia solar fotovoltaica no Brasil, podemos destacar o aumento dos preços para importação e exportação e o aumento da taxa cambial. Os preços e valores aumentaram e assustaram empresas do segmento espalhadas pelo mundo. O aumento se deu a grande procura por equipamentos fotovoltaicos. As linhas de produção ficaram sobrecarregadas e consequentemente os problemas começaram a aparecer.
Segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), o mercado global tem sofrido com o aumento generalizado dos valores de frete de importação da Ásia. De acordo com um relatório apresentado pela confederação, o cenário de importações e exportações encara grandes problemas. A pesquisa indica que esse é maior tempo já registrado para a entrega de produtos e insumos na Europa, com queda nos estoques e aumento da inflação; outra questão que preocupa empresários, é que as melhoras viriam após o ano novo chinês, porém a CNI informou que as mudanças não resolverão a oferta insuficiente ao longo da maior parte de 2021; além desse problema, os europeus se queixam do redirecionamento de capacidade para a rota Ásia-EUA. Além desses problemas, embarcadores nos EUA se queixaram da falta de contêineres vazios para as exportações do país.
Segundo Lars Jensen, da consultoria SeaIntelligence, essas taxas estão sendo impulsionadas por clientes que lutam por um recurso limitado, que são os contêineres. Em entrevista ao Financial Times, o Presidente do Conselho Mundial informou que houve uma tremenda queda e com isso, passamos por uma transformação em volumes de carga.
“Com as entregas das mercadorias para abastecimento da geração centralizada, podemos esperar que haja um novo momento de falta de insumos para produção dos módulos, que pode novamente ocasionar em uma escassez. Ainda não podemos afirmar se de fato acontecerá e se será leve, moderada ou intensa, como tivemos no final de 2020”, disse Camila Nascimento, Coordenadora Regional do Rio de Janeiro na ABSOLAR.
Camila Nascimento, Coordenadora Regional do Rio de Janeiro na ABSOLAR.
A China é atualmente o país que mais exporta equipamentos fotovoltaicos para outros países e principalmente para o Brasil. O comércio entre nosso país e a China ultrapassou no ano de 2020, mais de US$ 100 bilhões. Atualmente, o país chinês é uma das principais fontes de lucro estrangeiro do Brasil. Recentemente, o governo brasileiro zerou o imposto de importação para equipamentos solares. A medida previa que a busca por tais equipamentos aumentasse e mesmo com o aumento dos preços, as importações só aumentaram.
“No ano de 2020 tivemos alguns problemas devido à pandemia do coronavírus. O mercado aduaneiro passou por reformulações e a taxa cambial subiu de uma forma expressiva”, disse Igor Pereira, Diretor da I Service Logistics. “É possível observar que houve uma sobrecarga de containers. O que foi importado está chegando em containers que foram produzidos no mês de dezembro de 2020”, completou.
Igor Pereira, Diretor da I Service Logistics.
Para Magno Fonseca, gerente financeiro da I.S Brasil- Soluções Sustentáveis, as perspectivas são boas. Segundo ele, apesar do ano conturbado de 2020, o mercado pode mudar. “O mercado está otimista. Isto porque a chance de nosso país se tornar um dos três maiores mercados globais de energia solar distribuída é grande”, disse Magno Fonseca Garcia, Gerente Financeiro da I.S Brasil- Soluções Sustentáveis. “Isso consequentemente abre campo para nossa empresa. Analisando o mercado interno e externo podemos que o crescimento para 2021 será inevitável”, completou o gerente.
Magno Fonseca, Gerente Financeiro da I.S Brasil.
Um relatório apresentado pela Greener mostrou que até novembro de 2020, o Brasil recebeu um volume de 564 MWp em módulos fotovoltaicos. Ainda segundo a Greener, outra grande importação foi a de inversores, que atingiu números superiores ao de 2019. Um novo relatório apresentado mostra que, em janeiro, a importação de inversores e módulos pelo Brasil alcançou o maior volume mensal já obtido. De acordo com a pesquisa o volume importado de geradores marcou 680 MWp no mês, ultrapassando em 12% o volume obtido em janeiro de 2020, antes da pandemia da Covid-19.
Realidade e perspectivas do mercado
O ano novo chinês trouxe boas novas, que apresentam novidades para o mercado mundial. A China estipulou um crescimento do seu PIB (Produto interno bruto) para 6% para o ano de 2021. Com o número, que não foge as realidades do país, a China visa restabelecer valores e reduzir o débito fiscal. Segundo o Li Keqiang, Primeiro Ministro, a China focará na recuperação da atividade econômica. “É óbvio que o crescimento deste ano ficará acima de 6%. O objetivo é dizer às pessoas que devemos focar em crescimento de maior qualidade”, disse Yao Jingyuan, assessor do gabinete da China, em entrevista à Reuters.
As metas estipuladas possuem forte ligação com o mercado mundial, por ser o país que mais importa no mundo. As definições e atualizações do país influenciam e movimentam as ações do mercado. Apesar da realidade, existem boas e más notícias para este cenário. As movimentações no mercado não param e com isso aparecem boas e más perspectivas.
Créditos – Ivan Bueno Appa.
Recentemente, informações divulgadas em portais de notícias, mostraram que as exportações do país cresceram 60,6%, em comparação com o 1º bimestre de 2020. O resultado traz boas perspectivas e mostra a recuperação do país em meio à pandemia do coronavírus.
Um grande marco para Brasil foi a importação de módulos com potência superior a 500 Watts-pico (Wp), segundo relatório Greener. Com essa entrada, o país demonstra o grande interesse por tecnologias de alta potência. Segundo informações, o volume de módulos importados em fevereiro de 2021 atingiu 674 MWp, 67% superior ao observado ao mesmo mês de 2020.
Apesar das boas projeções, ainda existem problemas neste cenário. Recentemente, um incidente trouxe grandes problemas para o mercado de exportação e importação. No dia 23 de março de 2021, um navio cargueiro encalhou no Canal de Suez, no Egito, e causou grandes problemas. Nomeado como, Ever Given, o mega cargueiro bloqueou uma das principais travessias marítimas do mundo para o transporte de mercadorias e matérias-primas. A Lloyd’s List estima que o valor diário dos contêineres que transitavam pelo canal era de US$ 9,5 bilhões (mais de R$ 53 bilhões), dos quais cerca de US$ 5 bilhões (R$ 28,2 bi) iriam para o oeste e outros US$ 4,5 bilhões (R$ 25,4 bi) para o leste.
Navio Cargueiro Ever Guiven, encalhado no Canal de Suez. Imagem courtesy Suez Canal Authority.
Após seis dias, no dia 29 de março de 2021, o Ever Given foi finalmente desencalhado do Canal de Suez. Segundo informações da BBC, houve uma perda econômica próxima de R$ 300 bilhões.